sexta-feira, 23 de junho de 2017

Ser ou Não ser - Eis a Questão


O poderoso deputado Jorge Picciani pode ser acusado de muitas coisas, menos de ser ingênuo. Desde o início da crise ele oscila entre apoio incondicional ao governador e broncas públicas.

Dessa vez ele foi bem longe. Disse com todas as letras que o governador é incompetente, não sabe negociar e não tem interlocução.

Há várias leituras possíveis sobre a atitude de Picciani: Uma jogada combinada para tentar desvincular sua imagem da do governador, uma forma de manter o governador na defensiva, "criando dificuldades para vender facilidades", retaliação por algo que o desagradou ou até mesmo a velha e conhecida chantagem política. "Você está na minha mão".

Não sabemos o que de fato ocorre nos bastidores, mas de qualquer forma, o governador não respondeu. Somando isso a sua declaração ontem aos companheiros do MUSPE de que ele não sabe se terminará o mandato, fica evidenciada toda a debilidade política do ocupante do Palácio Guanabara.


Em entrevista à CBN, presidente da Alerj disse que há indícios de crime de responsabilidade fiscal
RIO - O presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Jorge Picciani, enviou um e-mail nesta quinta-feira ao líder do governo na Assembleia, Edson Albertassi (PMDB), criticando duramente o governador Luiz Fernando Pezão. Na mensagem, ele fala até em votação para o impeachment do governador. Em entrevista ao programa CBN Rio, da Rádio CBN, Picciani afirmou que, se o acordo de recuperação fiscal não for homologado, o Rio só tem duas alternativas: intervenção federal ou impeachment do governador.
— Há uma constatação de uma pessoa que se elegeu através de muitos companheiros e companheiras no estado todo, mas já se elegeu com um equívoco, que eu não estava na assembleia, não percebi, que foi aquele aumento, quase que uma fraude eleitoral, em junho de 2014, onde se chegou a aumentar a folha de pagamento em 70% e esqueceu que, na Constituição de 1988, existe a isonomia para aposentados e pensionistas. Depois veio a crise do petróleo, veio a queda da arrecadação, mas os outros estados procuraram de uma forma ou de outra se ajustar — afirmou.
O presidente da Alerj ressaltou que fez alertas sobre a situação do estado desde o início:
— Eu o alertei ainda no mês de março de 2015, de que era preciso cortar despesas, era preciso ter austeridade, era preciso tomar uma solução para uma concessão de água mantendo uma estatal forte na área de produção. Hoje você perde entre 35% a 40%, entre o que se produz no Gandu até chegar à casa do consumidor. É muito melhor você fazer a concessão das distribuições, haveria bilhares de empresas no mundo interessadas em fazer, sete, oito, dez lotes para não concentrar na mão de uma só, fazer investimento, gerar emprego, botar bilhões no caixa, quando fica correndo atrás do governo federal para poder pegar de R$ 3,5 bilhões pelas ações. É uma incompetência total. É um governo muito despreparado, começando pelo governador, e isso avança muito quando não tem comando.
Sobre as discussões para assinatura do acordo de ajuste fiscal, paralisada pela falta de aprovação do teto de gastos exigido pela União e que vem recebendo muita pressão contrária pelos deputados da Alerj, Picciani afirmou que o governador Pezão é incompetente nas negociações, não tem força política e não sabe argumentar com o governo federal. Para ele, quem pode ajudar nisso é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, além da bancada federal.
— O governo federal não está cumprindo a sua parte, e falta tudo no governo do estado. O governador como é incompetente, como não sabe argumentar, como não tem força política, quem pode ajudar a resolver isso é o deputado Rodrigo Maia, presidente da Câmara, e a bancada federal. O Rio de Janeiro não pode ser tratado assim — disse Picciani, que afirma que Pezão não está preparado para governar o Rio:

— Ele estava preparado para defender Piraí, e não o estado do Rio. Mas isso não significa que as forças politicas do Rio não devam se movimentar. Eu faço um apelo nessa carta ao presidente Rodrigo Maia — disse o presidente da Alerj.
Picciani disse também que falta transparência por parte do governo estadual e que há indícios de crime de responsabilidade fiscal. Segundo ele, o parecer prévio do TCE recomendando a rejeição das contas de Pezão e os não repasses de recursos nas datas aos poderes.
— Estamos falando de contas de gestão. Um dos itens que eu cito é o não repasse nas datas aos Poderes. Mas só agora tenho isso escrito — disse o presidente da Alerj, acrescentando que vai ter que analisar eventuais pedidos de impeachment que já tramitam e outros que podem tramitar com esses elementos — a OAB mesmo anda discutindo isso — de uma outra forma, mas primeiro quero ver votado as contas na Comissão de Orçamento e depois no Plenário.
Picciani continuou com suas críticas ao governo Pezão, e afirmou que o estado precisa ser respeitado pela União. E sentenciou: caso do governo federal não dê o socorro financeiro ao Rio, será preciso uma intervenção federal ou Pezão vai sofrer um impeachment:
— Aprovamos muito mais na previdência do que eles tinham exigido, aprovamos a Cedae, aprovamos o pagamento de 10% para o fundo de equilíbrio fiscal, aprovamos o aumento do IPB, do IPVA, aumento da cerveja e do fumo. Se nada disso, se o governo federal não respeitar o Rio de Janeiro, só vai restar ao governo Temer ter a coragem de fazer uma intervenção aqui, porque o Rio não pode ficar neste descontrole na área da Segurança e da Saúde, ou nós vamos fazer o impedimento e vamos enfrentar o governo federal. Porque há necessidade de mostrar que o Rio de Janeiro, apesar de ter um governo fraco, deve ser respeitado — disse o presidente da Alerj, que continuou:

— Ele é incompetente, não sabe fazer as coisas e vai agravar a crise. A solução que existe é a intervenção ou o impeachment. Se a intervenção nós não tivermos possibilidade de fazê-lo, o que nos resta é analisar com mais carinho, com mais vigor, já que nós temos novos elementos, com o parecer do TCE, que induz examinar pelo crime de responsabilidade. [O impeachment] é a decorrência natural, eu acho.


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